Garra, Superação e Orgulho: A Jornada do Times Femininos de Boa Vista no XIV JOAPAS

No último dia 15 de maio, o time feminino de futsal de Boa Vista marcou presença no XIV JOAPAS – Jogos Abertos do Pará, realizado na cidade de Oeiras do Pará. Mesmo com apenas 15 dias de preparação, a equipe foi gigante em quadra, conquistando uma vaga entre as quatro melhores da competição e chegando até as semifinais, em uma campanha que mesclou superação, esforço e paixão pelo esporte.

A delegação foi recebida com muita hospitalidade pelos organizadores do evento, e em especial pela prefeita Gilma Ribeiro, que acolheu as atletas com carinho e atenção dignos de um evento grandioso como o JOAPAS. A competição reuniu talentos de diversos municipios do Marajó e promoveu um ambiente esportivo vibrante, repleto de emoções e disputas acirradas.

A batalha nas quadras

Apesar do pouco tempo de treino, o time de Boa Vista mostrou um desempenho tático e técnico admirável. Com foco, união e determinação, as atletas avançaram na competição superando adversidades e se destacando pelo espírito competitivo. A trajetória, no entanto, encontrou seu ponto final na semifinal, em um confronto eletrizante contra a equipe de Curralinho.

O jogo foi intenso do início ao fim, com as duas equipes alternando chances e mantendo o empate até os minutos finais do segundo tempo. O placar estava em 1x1 até que, nos momentos decisivos, o desgaste físico – reflexo direto do tempo limitado de preparação – cobrou seu preço. Curralinho aproveitou os espaços, manteve o fôlego e virou o jogo, encerrando a partida em 3x1.

Não houve falta de técnica ou coragem. O que pesou foi a realidade enfrentada por muitas equipes femininas no Brasil: a ausência de apoio, estrutura e incentivo contínuo ao futsal feminino.

Mesmo com a eliminação, o que o time de Boa Vista entregou foi muito mais que um jogo. Foi uma declaração de resistência em um cenário onde o futsal feminino ainda precisa gritar por visibilidade. A dedicação das atletas, que dividiram o pouco tempo entre treinos e suas rotinas pessoais, é algo que merece reconhecimento e respeito.

As críticas? Vieram. Mas quem esteve lá sabe: essas mulheres jogaram com o coração. E provaram que, com investimento e apoio adequados, podem ir ainda mais longe.

Areia, suor e ouro: o futebol feminino de areia brilha no pódio

E se nas quadras a história foi de superação, nas areias ela foi de conquista. O time feminino de futebol de areia de São Sebastião da Boa Vista fez bonito e garantiu a medalha de ouro, vencendo por 3 x 0 a equipe de Curralinho.

Foi um jogo puxado, duro, decidido nos detalhes. As atletas entraram determinadas, com a mesma garra que moveu toda a delegação, e mostraram inteligência tática, união e frieza nos momentos decisivos. A vitória veio na raça e simboliza tudo o que o esporte feminino representa: talento, esforço e superação mesmo sem a estrutura ideal.

Essa conquista é o retrato de uma geração de mulheres que está escrevendo uma nova história no esporte paraense. Uma geração que não aceita mais ser invisibilizada e está disposta a lutar, competir e vencer.

A dura realidade do futebol feminino

Como já debatido anteriormente em nossas redes, o futebol feminino segue sendo negligenciado em muitas regiões. Falta patrocínio, falta estrutura, faltam espaços de treino, equipamentos adequados e, principalmente, falta apoio institucional consistente.

Enquanto isso, as mulheres seguem treinando em horários alternativos, arcando com seus próprios custos e, mesmo assim, disputando competições estaduais com orgulho, garra e talento de sobra. A participação no JOAPAS é uma prova viva disso: com apenas duas semanas de treino, alcançaram as semifinais de uma das maiores competições da região, e nas areias, trouxeram o ouro para casa.

O que levamos desse campeonato?

Leva-se o aprendizado, a experiência, os erros que viraram lições e, acima de tudo, o orgulho de representar Boa Vista com alma e coragem. Cada gota de suor foi uma homenagem à luta de tantas mulheres no esporte. A trajetória no JOAPAS é só o começo.

E aqui fica um recado claro: o futsal e o futebol feminino existem, resistem e merecem ser vistos, valorizados e apoiados. Que esse seja mais um passo rumo a um cenário mais justo, com oportunidades reais para nossas atletas brilharem – dentro e fora das quadras.